A primavera e o verão são alturas críticas devido aos pólenes, mas é no outono e no inverno que as alergias causadas pelos ácaros de pó de casa se mostram mais incomodativas.
O que são as alergias?
Na origem de qualquer alergia respiratória, tal como acontece com as alergias alimentares ou medicamentosas, está sempre uma hipersensibilidade do sistema imunitário do indivíduo a uma substância que é inócua para a maioria dos seres humanos.
Os alergénios mais comuns para o aparelho respiratório são os pólenes, ácaros e fungos e a intolerância a estes agentes revela-se sobretudo através de manifestações de rinite, conjuntivite e/ou asma, que podem ocorrer, em simultâneo ou isoladamente, em qualquer altura do ano.
Com o outono, os dias mais frios e chuvosos estão de volta. Com eles, vêm também as crises alérgicas, típicas da mudança da estação. Com o frio, ligamos mais os sistemas de aquecimento e isolamento, o que aumenta a temperatura e humidade das habitações, favorecendo o desenvolvimento dos ácaros.
Sintomas
Os sintomas das alergias respiratórias são:
– Prurido nasal (comichão no nariz) ou em locais como a orofaringe, o palato e até os ouvidos;
– Espirros, nomeadamente ao acordar e muitas vezes em salva (vários seguidos) ou em cenários específicos — apenas fora de casa ou especificamente em dias de primavera com muito vento ou calor, no caso dos alérgicos a pólenes, por exemplo;
– Rinorreia (“pingo” no nariz);
– Congestão e obstrução nasal (nariz “entupido”)
Quase todos os sinais de alergia são também sintomas de constipação, sendo a confusão entre os dois estados clínicos bastante comum o que os melhor distingue é a presença e/ou ausência de febre.
Fatores de risco
- Predisposição genética
A probabilidade de desenvolver uma alergia respiratória é significativamente maior quando existem antecedentes familiares.
História familiar — Risco de patologia alérgica
Nenhum dos pais é alérgico — 5% a 15%;
Um dos pais é alérgico —20% a 40%;
Ambos os pais são alérgicos — 40 a 60%;
Ambos os pais sofrem da mesma doença alérgica — 80%.
- Fatores ambientais
As alterações do meio ambiente e dos estilos de vida, a urbanização crescente, a poluição, o tabagismo ativo ou passivo e as alterações dos hábitos alimentares são fatores que promovem o desenvolvimento de alergias.
- Higiene em excesso
Um grande número de especialistas defende a hipótese higienista como forma de explicar o progressivo aumento da prevalência de patologia alérgica.
Diagnóstico
Quer estejam em causa as manifestações mais comuns de alergias respiratórias, como a rinite e conjuntivite, ou se verifique asma, a recolha da história clínica e o exame físico são, sempre e em qualquer caso, os primeiros passos a dar, quase sempre cruciais para o diagnóstico.
Depois, para perceber exatamente qual o alergénio em causa, os testes cutâneos são uma ferramenta igualmente importante.
Tratamento
As medidas de prevenção e tratamento das alergias respiratórias devem ser decididas pelo médico, em função das características individuais do caso clínico particular.
- Alívio dos sintomas
Perante uma crise alérgica, o tratamento passa pelo uso de fármacos cuja atuação se resume a obter uma melhoria dos sintomas. Os anti-histamínicos servem para controlar as crises de rinite e de conjuntivite, aliviando dessa forma as sensações de prurido e ardor, etc. Nos casos de asma são recomendados os broncodilatadores, medicamentos que, como o próprio nome indica, promovem o relaxamento dos brônquios, facilitando a respiração.
- Prevenção
A utilização de corticosteroides tópicos, inalados, permite agir por antecipação, prevenindo novas crises de alergia.
- Imunidade
Os tratamentos feitos com recurso a vacinas antialérgicas ou imunoterapia têm como objetivo fazer com que um indivíduo, que reage de forma exagerada a um alergénio do ambiente, inalado, se possa tornar tolerante à sua presença e não reagir de forma a causar sintomatologia.
As vacinas interferem nos circuitos complexos do sistema imunitário e estão indicadas para pessoas que tenham rinite ou asma alérgica, com exceção de doentes alérgicos com asmas graves não controladas.
Como posso prevenir os sintomas causados pelas alergias?
O American College of Allergy recomenda alguns hábitos que podem ajudar a controlar o impacto das alergias no outono, especialmente aquelas causadas pelo pólen:
- Esteja atento/a ao nível de pólen e proteja as vias respiratórias quando este for alto. A Rede Portuguesa de Aerobiologia, proveniente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, oferece um Boletim Polínico que, semanalmente, fornece esta informação.
- Mantenha portas de casa e do carro fechadas, impedindo a entrada de agentes-gatilho de alergias.
- Tome um duche e lave o cabelo se permaneceu no exterior por um longo período de tempo.
- Faça a medicação recomendada por um especialista, preventiva ou de tratamento agudo de sintomas.