O que é a obesidade?

A obesidade é um problema de saúde pública e uma doença crónica. É definida como uma patologia em que o excesso de gordura corporal acumulada pode afetar a saúde.

Com origem em diversos fatores, a obesidade requer esforços continuados para ser controlada. Constitui uma ameaça grave para a saúde e um importante fator de risco para o desenvolvimento e agravamento de outras doenças.

De uma forma simples, a obesidade é consequência de um balanço energético positivo: a quantidade de calorias ingerida é superior à quantidade de calorias despendida, por um considerável período de tempo; a diferença é armazenada no organismo sob a forma de gordura. Equação de balanço energético:

Energia armazenada em gordura = Energia ingerida – Energia despendida

Como posso saber se estou em risco de estar obeso?

A obesidade pode ser avaliada com recurso ao valor do índice de massa corporal (IMC) que permite obter a razão entre o peso e o quadrado da estatura, ou seja, permite saber se o peso de adequa à altura:

  • baixo peso ≤18,5
  • peso normal = 18,5 – 24,9
  • excesso de peso = 25
  • pré-obesidade = 25 – 29,9
  • obesidade = 30
    • classe 1 = 30 – 34,9
    • classe 2 = 35 – 39,9
    • classe 3 = 40

Causas da Obesidade

  1. Alimentação rica em açúcar, gordura e hidratos de carbono
    1. A Maioria dos alimentos ricos em açúcar, gordura e HC são ricos em calorias, mas que quando consumidos de forma excessiva, são armazenados na forma de gordura, favorecendo o aumento de peso e o desenvolvimento da obesidade.
  2. Falta de atividade física
    1. A falta de atividade física é uma das principais causas de obesidade, especialmente quando não existe um balanço entre o que a pessoa ingere de alimentos e as calorias gastas por dia, levando ao acúmulo de gordura no corpo e desenvolvimento da obesidade.

A prática de atividades ajuda a aumentar o metabolismo do corpo, favorecendo o gasto energético, facilitando a perda de peso.

  1. Predisposição genética
    1. A genética está envolvida na causa da obesidade, principalmente quando os pais são obesos, contribuindo em 80% de hipóteses de o seu filho desenvolver obesidade. Adolescentes ou adultos que são obesos desde a infância possuem uma maior quantidade de células que armazenam gordura.
  2. Alterações nos níveis de leptina e grelina

A leptina é responsável por diminuir o apetite e é produzida pelas células de gordura para indicar ao corpo que já não precisa comer mais. Isso significa que, quanto mais células de gordura a pessoa tem, mais leptina será produzida. No entanto, nos obesos é comum que os receptores de leptina deixem de funcionar corretamente, o que faz com que a sensação de saciedade nunca chegue ao cérebro, fazendo com que a pessoa continue sentindo muito apetite.

Já a grelina é produzida no estômago quando está vazio e indica quando a pessoa precisa comer mais, porque ela aumenta o apetite. Estudos em pessoas que sofrem de obesidade confirmaram que algumas pessoas, mesmo após comer muito, continuam produzindo uma elevada quantidade de grelina, o que faz com que a pessoa fique sentindo fome toda a hora.

  1. Alterações hormonais
    1. Doenças hormonais como síndrome hipotalâmica, síndrome de Cushing, hipotireoidismo, síndrome dos ovários policísticos, pseudo-hipoparatireoidismo, hipogonadismo, deficiência de hormônios do crescimento, insulinoma e hiperinsulinismo estão relacionadas com o aumento de peso.
  2. Distúrbios emocionais
    1. Distúrbios emocionais estão relacionados muitas das vezes com uma maior ingestão alimentar, principalmente de alimentos doces que por sua vez são extremamente calóricos.
  3. Medicamentos que aumentam o peso
    1. O uso demedicamentos hormonais e corticoides também favorecem o aumento de peso e podem promover a obesidade porque incham e podem levar ao aumento do apetite. Alguns remédios que engordam são diazepam, alprazolam, corticosteroides, clorpromazina, amitriptilina, valproato de sódio, glipizida e até mesmo a insulina.
  4. Diminuição da dopamina
    1. A dopamina é um tipo de neurotransmissor, produzido naturalmente pelo corpo, responsável pela sensação de bem estar, prazer e saciedade, além de outras funções como motivação e memória. Alguns estudos mostram que quando o corpo não produz dopamina em quantidades suficientes, pode levar a pessoa a comer mais ou ter compulsões alimentares de forma, na tentativa de aumentar os níveis de dopamina no corpo, favorecendo o aumento de pesou ou obesidade.

Tratamento da Obesidade

  1. Mudanças na dieta
    1. O primeiro passo, tanto para tratar, como para prevenir a obesidade, é fazer mudanças na dieta incluindo uma alimentação balanceada e rica em frutas, legumes, verduras, fibras e água, conforme orientação do médico e do nutricionista.
  2. Défice calórico
    1. Essas mudanças na dieta permitem controlar o consumo de calorias ingeridas durante o dia, que deve ser menor do que o que se gasta para promover a perda de peso.
  3. Praticar atividades físicas
    1. Pequenas mudanças nos hábitos de vida como reduzir o uso do carro ou substituir o elevador pelas escadas, por exemplo, ajudam a movimentar mais o corpo, gastar mais calorias e a perder peso. Gastando mais energia e ingerindo kcal nas quantidades adequadas aumenta a perda.
  4. Consistência
    1. O sucesso de uma boa perda de peso é a consistência, ou seja, não podemos querer perder muito peso num curto espaço de tempo, mas sim que seja uma perda consistente sem qualquer complicação na saúde.
  5. Cirurgia
    1. Banda Gástrica – é colocada uma faixa ajustável em volta do estômago, diminuindo seu tamanho e contribuindo para que a pessoa coma menos.
    2. Bypass Gástrico – é feita uma redução do tamanho do estômago e alteração do intestino, que é ligado diretamente ao pequeno estômago, o que diminui a capacidade da pessoa se alimentar de grandes refeições, levando ao emagrecimento
    3. Derivação biliopancreática – é feita através da remoção de uma grande parte do estômago e uma ligação do estômago com a parte final do intestino delgado
    4. Gastrectomia Vertical ou sleeve gástrico – é feita a remoção da parte esquerda do estômago, o que faz com que exista uma diminuição da capacidade do estômago para armazenar comida.

 

Complicações

  1. Diabetes tipo 2
    1. Pessoas obesas não produzem níveis regulares de insulina — substância responsável por absorver a glicose nas células do organismo, a fim de assegurar o seu aproveitamento nas atividades celulares. A escassez de insulina gera o acúmulo de glicose, dando origem à diabetes tipo 2.
  2. Doenças cardiovasculares
    1. A gordura que se aloja ao redor dos órgãos localizados na cavidade abdominal eleva consideravelmente o risco de entupimento das artérias, impedindo que o coração em esforço. Essa situação aumenta a pressão arterial e pode, até mesmo, provocar enfartes e derrames.
  3. Doenças Hepáticas
    1. Uma das maiores preocupações em relação ao excesso de peso é a esteatose hepática, que é o acúmulo de gordura no fígado. Isso prejudica a função do órgão e pode ocasionar cirrose hepática ou cancro, que necessitam de intervenções mais invasivas, como o transplante.
  4. Refluxo Gastroesofágico
    1. O esfíncter liga o esôfago e o estômago e, quando perde a sua eficácia — o que pode acontecer com indivíduos obesos —, o ácido estomacal acaba retornando pela válvula, causando o refluxo gastroesofágico. Esse problema traz muita irritação nas paredes do órgão, dor no peito e regurgitação, e, se negligenciado, pode resultar em um câncer no esôfago.
  5. Apneia do sono
    1. Ao se acumular na parede da traqueia e nos músculos da língua, a gordura dificulta a passagem de ar pelas vias aéreas, o que faz com que a pessoa sofra de apneia obstrutiva do sono. Trata-se da interrupção da respiração enquanto dorme, e que agrava os quadros de hipertensão e arritmias, por exemplo.

 

Fonte: Dr. Rui Freitas – Nutricionista